quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Nem tão sobrenatural, mas ainda assim muito bom e fascinante


Pode-se chamar Peter Jackson de tudo, menos de sutil. Quem viu seu filme de estréia, Almas Gêmeas (que lançou Kate Winslet, em 1994), sabe do que estou falando. E, à parte da opinião da crítica (e, como disse Nélson Rodrigues, toda unanimidade é burra), acho que ninguém conseguiria levar tão bem às telas o livro de Alice Sebold (Uma Vida Interrompida).

Um Olhar do Paraíso tinha tudo para ser um filme perturbador, sobrenatural, mas não é nada disso. Ao contrário do cinema direto de Jackson, saiu um filme delicado, com um roteiro primoroso de Fran Welsh e Phillippa Boyens, em mais uma parceria com o diretor (os três também adaptaram O Senhor dos Anéis para o cinema com incompetência ímpar), amenizando as partes mais áridas do filme e destacando o trabalho da jovem Saoirse Ronan (que apareceu em Desejo e Reparação) como Susie Salmon, de 14 anos, estuprada, morta e desmembrada por um vizinho -- nada muito explícito.

A história, que se passa na década de 1970, mostra a garota no pós-vida (se é que podemos chamar assim) acompanhando a luta de seu pai (Mark Wahlberg) em encontrar o assassino da filha, o inconformismo da mãe (Rachel Weisz) diante do fato e o interesse do seu algoz (Stanley Tucci, indicado ao Oscar de ator coadjuvante por este trabalho) na sua irmã (Rose McIver), uma vítima em potencial. A presença de Susan Sarandon como a a avó fumante e alcoólatra (em uma cena ela aparece com dois cigarros na mão) acaba por amenizar ainda mais o tema árido. O filme poderia ser muito mais forte e apavorante se o diretor mantivesse as tintas do livro. Mas no final acaba cumprindo o seu papel, emocionando e extasiando os mais sensíveis, assim como "Amor Além da Vida" (1998), com Robin Williams, ao qual revi na madrugada de domingo. Este se destaca também com a qualidade do trabalho dos atores (Annabella Sciorra, Cuba Gooding Jr. e Max von Sydow), do roteiro bem amarradinho e dos efeitos visuais (na época, revolucionários). Os dois filmes merecem a atenção de quem gosta de um cinema bem feito.

2 comentários:

  1. Pois este livro é excelente, um dos melhores romances contemporâneos. Pegue, leia e depois comente para nós!

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