quarta-feira, 22 de setembro de 2010

MESTRES DO CONTO

















Nestes meus 49 anos de idade, acho que li alguma coisa. De leitor voraz ainda na pré-adolescência (quando tentei ler Os Sertões, de Euclides da Cunha, e Dom Quixote, de Miguel de Cervantes, não passei das primeiras páginas), hoje sou mais contido, uma vez que o meu trabalho e a Internet suprem a minha antiga necessidade de ler. Estou sempre lendo e um dos gêneros que mais me atraem são os contos, embora romances como Cem Anos de Solidão (Gabriel Garcia Marques), De Amor e Outros Demônios (idem) e O Evangelho Segundo Jesus Cristo (José Saramago) eu tenha lido de um fôlego só (e não só estes, como muitos outros romances). Leio tudo o que me cai nas mãos, de gibis de super-heróis, passando por livros espíritas e chegando aos grandes (e clássicos) autores. No Brasil, a modalidade conto não é uma das principais modalidades literárias, embora o panorama venha sendo alterado nas últimas décadas. De minha parte, acredito que o Brasil tem, em sua história literária, contistas primorosos, como Machado de Assis (1839-1908), considerado um dos maiores romancistas brasileiros (talvez o maior), cujos contos ainda hoje são considerados obras-primas da literatura nacional. Não gosto muito dos romances de Machado (pra mim, ler Dom Casmurro ainda hoje é penoso; Capitu traiu mesmo Bentinho com Escobar? Acho que é delírio de Bentinho), mas alguns dos contos do autor marcaram meus anos de estudo. Ainda hoje, recordo de Um Apólogo, que li num dos livros de Português ainda no ensino fundamental (5ª ou 6ª série) e tomei raiva daquela agulha esnobe. Mas há muitos contos de Machado de Assis que podem ser o pontapé inicial para se conhecer a qualidade do escritor brasileiro reverenciado em todo o mundo. Outro nome que me acompanha desde os 11 anos é Monteiro Lobato (1882 - 1948). Nesta idade, conheci as aventuras da turma do Sítio do Picapau Amarelo, emocionei-me com as Reinações de Narizinho, as Caçadas de Pedrinho e a torneirinha de asneiras da boneca Emília. Cresci com vontade de comer um bolinho de Tia Nastácia e ouvir as histórias de Dona Benta. Enfim, cresci e conheci o Monteiro Lobato contista. Negrinha, Urupês e Cidades Mortas, os quais adquiri já adultos e me espantei com o conhecimento da língua de Lobato, coisa que não havia percebido quando li os livros infantis. São dois mestres do conto brasileiro, ao lado ainda de mais dois nomes excepcionais: Lima Barreto (1881-1922) e Clarice Lispector (1920-1977), os quais prometo comentar em post posterior.

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